a fábrica de tecidos
por Ana Salek
a vida do casal
tem pouco com
as questões desmedidas
pouco a pouco é costurada
como faz a aranha,
arquiteta genuína
são amigos
calculam o gasto no fim do mês
não praticam exorbitâncias
da teia no alto da coluna
a aranha desce acrobata de circo
para o tapete parcelado em 10x sem juros
a vida do casal é franca
micro empresa de grandes projetos
já compraram o novo fogão
a sombra passeia no teto
silenciosa planeja a teia
presença insuspeita nessa família
as patas do ressentimento
desejam ao casal maduro
a peleja dos intempestivos
pela chama dessa vela acesa
do casamento só restam cinzas
da viúva negra, inquilina intrusa.
"a fábrica de tecidos", de Ana Salek, foi o texto vencedor da categoria Poesia no 4º Prêmio Paulo Britto de Prosa e Poesia.
da viúva negra, inquilina intrusa.
"a fábrica de tecidos", de Ana Salek, foi o texto vencedor da categoria Poesia no 4º Prêmio Paulo Britto de Prosa e Poesia.