Fractal de Mandelbrot


por Leonardo Ferrari

Certo dia — um dia comum, sem nenhuma característica especial —, andando sem rumo por ruas e portas, entrou sem motivo em uma livraria qualquer. Andava lentamente, observando sem interesse a vastidão de livros expostos. Um muito particular, entretanto, chamou-lhe a atenção. Chamava-se Fractal de Mandelbrot. Um nome incomum para um livro, especialmente naquela livraria qualquer. Não conseguindo resistir à curiosidade, pegou-o e, após o encarar demoradamente, buscou a primeira página e começou a ler.
“Certo dia — um dia comum, sem nenhuma característica especial”, começava. Por muito tempo leu, talvez para sempre, ou quem sabe durante apenas um instante. “Imaginava as possibilidades, mas tentava, sobretudo, entender.” A narrativa, enfim, terminava.
Ao fechar o livro pensativo, continuou muito tempo parado, distante, antes de devolvê-lo ao seu lugar em uma estante qualquer. Mas não conseguira abandonar as dúvidas com a obra. Imaginava as possibilidades, mas tentava, sobretudo, entender.