Entrevista com Paulo Henriques Britto

Paulo Henriques Britto, tradutor, poeta e ensaísta, é talvez um dos docentes mais versáteis do Departamento de Letras da PUC-Rio: embora atue principalmente nas áreas de tradução, criação literária e literatura brasileira, também já esteve à frente de disciplinas como Introdução à Linguística e Fonologia. Não é à toa que, em 2002, a instituição tenha lhe concedido o título de Notório Saber. Sempre atencioso com os alunos, Paulo concedeu uma longa entrevista aos membros do PET-Letras, na qual falou sobre a importância dos cursos de formação do escritor e de tradução, sobre o atual cenário da poesia brasileira e sobre sua carreira como escritor.

A PUC é a única universidade do Rio a oferecer um curso de graduação em Tradução. Qual é, na sua opinião, a importância de se ter, dentro do curso de Letras, uma habilitação direcionada especificamente para a prática da tradução? 

Este é um mercado enorme, que está crescendo de uma forma avassaladora. Quando eu comecei a trabalhar com tradução, lá nos anos 70, tínhamos basicamente as opções de traduzir para editoras, traduzir para firmas, a tradução comercial e a tradução juramentada. E existia um mercado ínfimo de legendagem para filmes. Acredito que, hoje em dia, o maior mercado seja o de software e games. É um mercado monstruoso. Depois há o mercado de legendagem para TV a cabo, que lida com um volume de material inacreditavelmente grande, e o de tradução para dublagem. Cinema é uma coisinha mínima em comparação com tudo o que a TV gera.

A tradução literária, área na qual eu sou especializado, virou uma fatia bem pequena do mercado. Ainda continua existindo, obviamente, como todas as outras, mas essas novas modalidades são maioria agora. E como nós do curso somos todos dos anos 70, ninguém aqui domina essas técnicas, por isso temos que chamar pessoas de fora para falar dessas áreas. Temos que adaptar o curso a essas novas modalidades, porque a maior parte dos nossos alunos tem interesse nesses campos. 

Na verdade, nenhum lugar exige que você tenha um diploma de tradutor, obviamente. No mercado de tradução, a maior parte das pessoas é autodidata, eu mesmo sou. Mas existindo interesse e uma faculdade que oferece o curso, por que não fazer? É claro que quem for entrar no mercado com um diploma de tradução da PUC já tem alguma uma vantagem.

Os primeiros erros crassos que cometi foram impressos e publicados. Os de vocês ficam na sala de aula. Quando vocês forem trabalhar, já não cometerão o tipo de erro que se comete no começo. Isso é bom para o aluno e bom para o mercado, que contrata quem já está há pelo menos quatro anos fazendo tradução em sala de aula, o que já é alguma coisa. Todos saem na vantagem.

Até que ponto o tradutor é um recriador do texto original? Você entende a tradução como um processo também criativo? 


Essa é uma discussão velhíssima. É claro que o tradutor literário precisa ter algum talento, algum trato literário, porque a tradução literária é, sem dúvida alguma, um modo de escrita literária. E, dependendo do grau de sofisticação formal do texto, ele vai exigir um grau de sofisticação autoral muito grande do tradutor. Agora, é claro que o tradutor vai estar sempre fazendo uma obra que é uma resposta, uma releitura de uma obra já existente. Ele precisa ter muito traquejo com a palavra literária, mas ele não precisa ter imaginação criativa, não precisa saber bolar personagem. Eu preciso saber como trabalhar com, por exemplo, linguagem falada na hora de traduzir diálogo. Então, certas exigências que são feitas ao escritor, também são feitas ao tradutor, mas nem todas, evidentemente. Mas, sim, é uma forma de escrita literária.

Você é um tradutor consagrado tanto de ficção como de poesia. No que a tradução de prosa se diferencia da tradução de poesia?


É mais uma questão de grau. A tradução de poesia exacerba os problemas formais que você encontra na tradução da prosa literária. Mas eu já traduzi ficcionistas que são tão difíceis ou mais do que poetas, como o Thomas Pynchon, o William Faulkner. São prosadores que te dão o tipo de problema que você tem com poesia, com a diferença de que o prazo é sempre muito menor. Para poesia, você tem um prazo de um ano pra fazer um livrinho de vinte ou trinta poemas, enquanto o romance, por mais que seja complexo, vai ter de ser entregue em um determinado tempo. Às vezes a editora cobra a tradução de prosa como se fosse uma coisa mais simples e, dependendo do escritor, é um negócio tão complexo quanto poesia. É por isso que vejo isso como uma diferença basicamente de grau. A tradução de poesia é, em última análise, apenas os problemas da tradução literária levados às últimas consequências.

Como você avalia o atual momento da poesia brasileira?


Eu sou muito otimista. A gente tem um monte de “Cassandras” por aí dizendo que o cenário atual é uma porcaria, que a poesia brasileira está muito ruim, que não temos poetas como antigamente. Eu não vejo isso, sinceramente. Eu acho que a gente está num momento bastante bom. Temos uma produção diversificada – e eu não acho essa diversificação ruim. Tem um pessoal nostálgico, dos anos 60, que acha que as pessoas são muito ecléticas. E qual é o problema nisso? Eu não vejo nenhum. Por que as pessoas têm de se filiar eternamente a movimentos? 

Cada vez mais eu concordo com o Ítalo Moriconi, que diz o seguinte: o período entre a semana de arte moderna e a época das neo-vanguardas, meados do século, foi um período de exceção. Foi um período excepcional na história da arte, em todos os sentidos. Existe uma parte da crítica brasileira, o pessoal da minha geração pra trás, que não compreende isso. Aquela foi realmente uma época em que muita coisa boa foi produzida, mas as regras do jogo mudaram um pouco. Foi um período em que realmente havia dois ou três grandes parâmetros de arte vigente. As brigas entre esses dois parâmetros eram acirradas, porque ou você estava de um lado ou você estava do outro. As pessoas desprezavam prêmios literários ou qualquer tipo de reconhecimento do público. Se você agradava o público, era sinal de que você era um vendido. Isso caracterizou o período de vanguarda. Mas mal ou bem esse período acabou. Nostalgia não adianta de nada. 

Quero dizer, há uma coisa que começa lá com o modernismo da semana de 22 e termina com a Tropicália, que corresponde a um período bem demarcado na história, um período fabuloso, mas que acabou e nós não vamos voltar o tempo para trás. A poesia que se faz hoje, a arte que se faz hoje em certos aspectos lembra o período anterior. Não que seja passadismo, que seja uma repetição, mas no sentido de que se estabeleceu o que o Ítalo chama de “normalidade institucional”: não há aquela coisa febril de surgir um movimento a cada semana. As tendências acontecem mais em longo prazo. 

Também não existe mais uma ideia de guerra, um movimento contra o outro. É claro que sempre haverá polêmicas literárias, mas não há mais esse “fla-flu” que caracterizou a época das vanguardas, e as pessoas não acham nada demais você ganhar um prêmio ou se inscrever num concurso. Você ser bem lido não quer dizer que você seja ruim. Existe o caso de um poeta que virou best-seller, o Manoel de Barros. Ele é respeitado pela crítica, vários poetas de respeito estudam a obra dele, e ninguém acha que é um demérito a obra dele vender muito. Nós saímos desse período de exceção que foi o período da vanguarda, e ainda há críticos que acham que isso é o fim do mundo, quando, na verdade, foi só um período que acabou.

Eu acho que temos bastante poesia boa sendo produzida agora. Ainda não é o tempo de a gente dizer o que vai durar. Daqui a trinta, quarenta anos, vamos saber o que era bom agora. Mas acho que temos sérios bons candidatos, temos bastante coisa boa ocorrendo.

Você acha que existe um desinteresse dos alunos pela poesia? A que você atribui isso?


Não é dos alunos, é do público em geral. A poesia tem um público muito restrito e eu passei anos da minha vida dando entrevista sobre isso e dizendo que o que aconteceu foi que a canção popular tomou o público da poesia. As pessoas que anos antes estariam lendo sonetos, fazendo cadernos de poemas, hoje em dia estão compilando CDs e trocando músicas. Essa função social que tinha de qualquer pessoa saber fazer um soneto, agora qualquer pessoa sabe fazer uma musiquinha, montar uma banda. Eu dizia isso sempre. Mas estou achando que agora, depois daquela famosa entrevista do Chico Buarque, estou sentindo que a época da canção também está acabando. Quer dizer, a poesia teve sua hegemonia, o século XX foi o séculos da canção e parece que também a canção está se tornando uma coisa do passado. O rap, o hip-hop, essas novas formas estão, de certo modo, substituindo a canção popular. Também foi uma obra maravilhosa, que gerou obras fantásticas aqui no Brasil e nos países de língua inglesa, que são os que eu conheço mais, mas também não adianta você ficar dizendo que não existe mais um Chico Buarque, um Caetano Veloso, não, acabou aquele tempo. Ainda vai haver boas canções escritas, não tenha dúvida nenhum, assim como ainda vai haver bons poemas escritos. Mas a época da hegemonia da canção parece que também está passando. A gente tem que aceitar essas coisas com naturalidade, não é o fim do mundo. As formas artísticas vão mudando, os tempos são outros.

Agora, a poesia, de fato, já teve muito público. No século XIX qualquer advogado, qualquer bacharel, estudante de medicina sabia escrever um soneto e tinha o hábito de ler poemas. Proporcionalmente, eu diria que se publicava e se lia muito mais poesia no final do século XIX do que em meados do século XX pra cá, quando a poesia tornou-se interesse de um público mais restrito. Pra dar mais um exemplo ainda, o cinema, quando surgiu no início do século XX, era uma arte das grandes multidões. Não é mais. Quem tomou o lugar do cinema, agora, foi a televisão. O cinema já é uma coisa mais refinada. É claro que há os blockbusters de Hollywood que dominam os verões, mas o cinema não é mais aquela grande arte popular. Aqueles grandes nomes badalados não são mais os artistas de cinema. São músicos de rock. Em breve serão músicos de hip-hop. De novo, temos esse fenômeno. Houve um período, digamos que dos anos 20 aos anos 60, 70, em que o cinema era a grande arte popular. Paulatinamente, ele está perdendo o lugar para a televisão. Essas coisas são naturais, vão acontecendo.

Como é o seu processo de criação? 

Eu tenho surtos. Tem épocas em que eu escrevo muito, tem épocas em que eu fico sem escrever nada. Não tem muita lógica. Há coisas que estimulam a escrita, sem dúvidas. Sempre que eu dou esse curso de produção do texto poético, que é uma atividade que me obriga a ler muito mais, acabo sendo estimulado. Por outro lado, por causa do excesso de trabalho acabo não escrevendo muito. 

Não há, também, o que “puxa” um poema. Pode ser uma ideia, normalmente é uma palavra, uma frase, ou uma coisa que escrevi tempos atrás e à qual voltei, ou um verso de outra pessoa que eu leio. Mais vezes do que as pessoas podem imaginar, é só um padrão rítmico. É só uma sucessão de sílabas, um som que fica na minha cabeça e, disso, eu puxo um poema inteiro. Não tem uma lógica, algo que eu siga sempre. 

E quanto à habilitação de formação do escritor? Você acha importante esse curso ser oferecido na graduação?


Eu acho isso ótimo. Nos Estados Unidos, já existe umas três gerações de escritores formados nesses cursos de creative writing. As pessoas dizem “ah, dá uma pasteurização”. Sem dúvida alguma. Quer dizer, eu acho que há uma tendência às pessoas imitarem mais, porque elas vão sair de escolas, então vai haver aquele tipo de escritor formado em um determinado lugar. Essas coisas são naturais. Agora, insisto mais uma vez, isso é o normal. Essa é a situação normal da Arte. Como era a pintura na Renascença, que todo mundo acha tão bacana? Você tinha uma escola, os caras iam lá, aprendiam e os que não tinham muito talento ficavam lá tapando buraco, fazendo detalhezinhos no fundo dos quadros do Rafael, e os que eram bons viravam eles próprios artistas e criavam seguidores que começavam imitando eles. Sempre foi assim que se fez Arte. Volto a dizer que foi só naquele período de exceção do Modernismo que o cara tinha que ser um gênio, reinventar a pintura ou a escrita aos vinte anos de idade. Mas então voltamos àquela situação anterior em que as pessoas passam pelo um aprendizado de um ofício. A grande maioria vai repetir, vai fazer muita coisa mediana, sim, a definição da mediania é isso mesmo. Um crítico uma vez falou “é um absurdo, vivemos numa época de mediania” e eu perguntei pra ele “mas vem cá, que época não foi de mediania? Você conhece alguma época em que só tenha havido gênios no mundo da Arte?” Não é assim não! Pra você ter um artista destacado, você tem de ter uma grande massa de pessoas produzindo. “Ah, mas vão produzir arte mediana.” Sim! Qual é o problema? É assim que as coisas sempre funcionaram. Por que tem tanto escritor bom nos Estados Unidos? Porque tem uma massa mediana muito grande de escritores medianos, mas como você tem muita gente mediana produzindo, você vai ter um número muito maior de pessoas muito boas surgindo.

Eu sempre dou o exemplo da música popular e da dramaturgia. Por que temos dezenas de compositores populares maravilhosos e pouquíssimos dramaturgos maravilhosos? Porque você tem um monte de gente fazendo música, qualquer garoto da PUC tem sua banda. Você tem uma massa muito grande produzindo canções. A maioria dessas canções vai ser medíocre, é normal, mas você vai ter um número muito bom de pessoas destacadas nisso. Por que nós temos muito poucos dramaturgos muito bons? Porque temos muito poucos dramaturgos. Não existe uma produção grande. Tirando a televisão, que é outro caminho, em teatro propriamente dito a gente tem muito pouca gente produzindo. Temos Nelson Rodrigues e que outros grandes nomes nós temos? Temos muito poucos. Não temos uma massa grande de pessoas trabalhando nisso. 

Então, se o preço que se paga por você ter uma faculdade de creative writing é gerar uma produção pasteurizada, tudo bem, isso é a base da qual vão emergir grandes talentos. Não podemos querer que a média seja excepcional, isso não existe em lugar nenhum. Mas se você tiver muita gente querendo escrever, pegando as regras básicas da escrita, fazendo uma coisa pasteurizada, você eventualmente vai ter um número razoavelmente grande de pessoas que dali vão se destacar e fazer uma coisa nova.

Eu acho engraçado que a objeção que as pessoas fazem ao ensino de literatura em faculdade é dizer que ninguém faz isso ao ensinar música, por exemplo, nem artes plásticas. Ninguém acha um absurdo alguém entrar numa escola de música e ficar fazendo escala durante muito tempo e ouvindo gravações durante muito tempo. Mas foi assim que eu aprendi a tocar piano! Ainda há uma ideia de que quem escreve nasce com aquilo, que não precisa ler nada. “Ah, Rimbaud não lia nada, Jean Genet não lia nada!” Mentira! Rimbaud lia pra burro! Genet foi criado num reformatório e não leu nada? Até parece! Ele realmente não tinha família, mas ele leu Proust quando era jovem. Onde ele aprendeu a escrever bem assim? Lendo Proust! 

As pessoas acham que música e artes plásticas, por exemplo, você tem de aprender o ofício e daí você fica bom, mas o mesmo não se aplica à Literatura. Você já nasce com aquele dom, o que não é verdade. Machado de Assis publicou muita coisa ruim. Se você ler a obra imatura do Machado de Assis, verá que ele publicou muita porcaria pra se tornar Machado de Assis. Foram quarenta anos pra ele se tornar um grande escritor. Isso é o normal. Existem casos de quem já tem um dom, mas isso não é normal. Em poesia pode até ser um pouco mais comum do que em outras áreas, mas mesmo assim, esses caras que são grandes poetas com dezenove anos, quando tinham catorze anos já estavam lendo e escrevendo. O cara começa mais cedo. A gente precisa desromantizar essa ideia de que não se pode aprender a escrita. Como isso? Claro que pode, só que tem duas maneiras de aprender: a tradicional é você ler muito. Nisso, a faculdade pode ajudar dirigindo essa leitura e orientando-a. O que eu faço na minha oficina de poesia é por os alunos para ler muita, mas muita poesia mesmo. Ler criticamente e produzir imitando estilos, porque é assim que as pessoas aprendem a escrever – como aprendem qualquer outra coisa. Copiando, traduzindo. Traduzir é ótimo! Uma coisa que eu acho muito boa – e não sou o primeiro a dizer isso – no cenário poético atual do Brasil é que a maioria dos poetas leem línguas estrangeiras e traduzem. A melhor maneira de se aprender a escrever poesia é traduzir. São duas formas de escrita, uma alimenta a outra. Para o escritor é bom porque ele desenvolve a escrita dele. Então, acho muito legal que surjam faculdades de formação de escritor. Uma vez me perguntaram “você acha que vai formar um Machado de Assis?” Po, eu não acho nada! Sei lá o que eu vou formar! Você acha que o cara que entra no conservatório de música é garantia de que vai virar Bethoven? Não existe isso. Ele sai de lá tocando um instrumento, se vai ser bom ou não é problema dele. O que eu garanto é o seguinte: quem fizer meu curso a sério vai aprender a ler poesia e, eventualmente, vai saber como se escreve um poema. Se vai se tornar um poeta ou não, isso é um problema dele, da aplicação dele, dele querer investir nisso. Agora, ele vai aprender a ler um poema, porque a grande maioria das pessoas não sabe ler um poema. Não sabe mesmo. Pessoas que leem, pessoas cultas, que leem prosa, você dá um poema pra elas e elas literalmente não sabem o que fazer com aquilo. Elas não tem a menor ideia de como ler aquilo. O que a gente faz é basicamente aprender a ler poesia e eventualmente a desenvolver essas técnicas. Mas o principal é aprender a ler.

Você tem uma relação estreita com a PUC. Como é dar aula há tanto tempo na mesma universidade, lecionando uma grande variedade de matérias? Você não teria vontade de lecionar algum dos cursos de Literatura presentes na grade?


O negócio é achar tempo. Eu estou dando tanta coisa. Estou em Literatura só na Pós-Graduação. O problema é que o meu tempo na graduação está dividido entre formação do escritor, a oficina de poesia, e o curso de tradução. Como somos muito poucos em tradução, somos basicamente três pessoas na graduação, é difícil. Eu adoraria dar. Pode ser, eventualmente, alguma vez, se surgir contratações para a grade de tradução, porque uma hora vamos ter que contratar, a gente vai se aposentar um dia. Somos três na graduação e a Helena na pós. E só a Helena que é criança, todos os outros estão com 60 anos. Vamos ter que começar a contratar gente, eventualmente quando tiver um período que a gente ainda estiver trabalhando, mas também estiver com gente mais nova trabalhando com a gente, aí talvez libere um pouco o meu horário. O pessoal de literatura gosta muito do meu trabalho, vivem me chamando pra eu fazer, mas por enquanto eu não tenho condição. Ou bem eu fico na tradução, ou bem eu passo de armas e bagagens para a pós. Eu já estou dando aula de literatura na pós semestre sim, semestre não. Semestre passado e retrasado eu dei dois cursos de Literatura. É complicado, não tenho muito tempo pra isso. Mas eu adoraria. Na verdade, o que eu mais gosto mesmo é de dar aula. Agora passo boa parte do meu tempo orientando aluno, mas do que eu gosto mesmo é de dar aula. 

Você é um dos professores mais estimados pelos alunos e um dos eventos do PET leva o seu nome. Como tem sido essa experiência como jurado permanente do Prêmio Paulo Britto? 


Esse concurso tem sido uma experiência muito boa. Eu sempre participo da comissão avaliadora. O nível está melhorando a cada ano, estão surgindo coisas cada vez mais interessantes. A cada ano também aumentam os participantes. Acho legal a ideia do júri popular, que me lembra das premiações duplas que aconteciam nos festivais de canção dos anos 60. 

Gostaria de se aventurar pela prosa?


Eu publiquei um conto na Piauí em 2012, o que me deu vontade de escrever mais contos. No momento ando mais interessado em escrever contos que poesia, estou dando um tempo em poesia. Voltar a escrever contos é um projeto que eu tenho para os próximos anos, mas não é uma coisa que depende só da minha vontade, porque tenho de ter tempo, ideias. Já tenho um, o que saiu na Piauí, vamos ver se sai mais agora.

Quais são seus outros planos daqui para frente, como professor e como escritor? 


Meu plano no momento é achar tempo de fazer as coisas que estou tentando fazer. Uma coisa que eu queria levar a frente melhor e não estou conseguindo por falta de tempo é a pesquisa que estou fazendo sobre verso livre. Estou muito disperso, é muita coisa acontecendo. Seria bom se eu pudesse me concentrar mais nessa minha pesquisa, que é o que está me interessando mais no momento, e que é uma coisa mais ligada à literatura, mas que também tem um pé na tradução, porque eu também me interesso em estudar as formas do verso livre inglês. É isso: agora, o que eu preciso mesmo é de tempo.

Entrevista por Danilo Castro, João Miguel, Luiza Frizzo Trugo e Renata Paiva
Fotos por Luiza Frizzo Trugo